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  • Foto do escritorNina Fernández

Jacarandá Bahia

Foi no início da pandemia que, ainda não descobri como, o perfil do John Calderon apareceu pra mim. Talvez tenha sido o algoritmo sentindo a saudade da praia que meu coração exalava.

Comecei a passear pelas fotos alegres que me fizeram um convite silencioso: venha visitar a Bahia.

Em pouco tempo descobri que tínhamos mais coisas em comum além do amor pelo mar, John é chef.


Pronto, obsessão instalada e próximo destino garantido.

Foram meses até que resolvi pegar o carro, cachorras, primo e alugar uma casa na Praia do Espelho para umas semanas de trabalho em solo baiano.


A ida até Caraíva, vila que fica a 40 minutos de onde me hospedei, era obrigatória, afinal é lá que fica o Jacarandá Bahia - restaurante em que o John comanda sua cozinha.


A ideia era passar o dia no rio + praia e finalizar o passeio no restaurante. Ao chegar descobri que eles só abrem para o jantar (como muitos locais da vila), e foi uma decepção. Iria embora no sábado seguinte, tinha perdido minha oportunidade.


Nos dias que seguiram aquela quarta-feira, junto do desejo de aproveitar mais a Bahia, ficou a sensação de viagem incompleta: “Não é possível que eu vim até aqui e não vou conhecê-los”


Foi durante o nascer do sol que resolvi estender a viagem por mais uma semana. Assim conseguiria contemplar tudo o que desejava.


Chegou a última sexta-feira da viagem e eu pontualmente às 19h estava na varanda do Jacarandá.


O restaurante fica na principal rua da vila, assim que você desce da travessia do rio Caraíva, é só caminhar alguns passos para a esquerda e vai se deparar com a charmosa casa amarelada (ou seria alaranjada?).


A varanda já estava com suas mesas ocupadas, os clientes chegaram cedo para garantir o lugar ao ar livre - eles não trabalham com reservas.

Fomos carinhosamente encaminhados ao amplo salão, que no momento está com a capacidade reduzida, e escolhi uma mesa da qual conseguia enxergar um pequeno pedaço da cozinha.


Lustres de artesãos locais são os responsáveis pela linda decoração e luz indireta, o que torna o ambiente ainda mais aconchegante.



O cardápio é enxuto, são 06 opções de entradas, 06 de pratos principais e 2 sobremesas.

Em Caraíva a estrutura e logística é típica uma pequena vila no interior do país. O Diego, sócio niteroiense, é o encarregado de ir até Porto Seguro para manter o estoque em dia.

Mas nem sempre é possível.


As criações do John tem diferentes inspirações: sazonalidade, disponibilidade dos produtos na região, valor e humor do chef.

Quando ele cansa de cozinhar um prato, muda o cardápio.

O cupim braseado é o único que permanece a cada virada, mas nem sempre pode ser servido. Semana passada a carne estava em falta em Porto Seguro, não tive a oportunidade de experimentar dessa vez.


Pedimos de entrada o tartare de beterraba defumada com coalhada seca e uma fatia de pão de longa fermentação, tudo feito na casa.

Crocância e acidez em perfeita sintonia.


Na minha eterna indecisão deixei para o chef escolher o que me serviria: o peixe ou a barriga de porco. Falei: o que ele achar que tem mais a alma dele.


Recebi uma posta de peixe fresco e suculento, com molho de vatapá e farofa cítrica de mandioca.

Sabores marcantes e texturas que se complementam na boca.


Pedimos também o ravióli de banana da terra com camarão. Gosto adocicada e leve, sem dúvida a surpresa da noite.

Uma constante em tudo que comemos foi a cebola em conserva - que são feitas por lá e trouxeram sabor e textura para todos os pratos, mesmo sendo propostas tão distintas.


Todos os vinhos saem pelo mesmo preço, e variam de acordo com a disponibilidade encontrada pelo Diego. Por isso não tem uma carta de vinhos, ela é cantada a você pela equipe do salão.

Nós tomamos um pinot noir chileno.


Além de vinhos eles também tem uma carta de drinks elaborada pelo Lucas.


E a cerveja mais barata que tomamos na vila (Heineken e Original de 600ml).


Essa empreitada maravilhosa é obra de três sócios: Diego Rosa, niteroiense responsável pela administração e pelo salão + Lucas Bicalho, de BH pra trás do balcão do bar + John Calderon, mente paulistana responsável pela criatividade da cozinha da casa.

Eles optaram por não ter nenhum sócio investidor e manter os rumos da casa nas próprias mãos e contam com uma equipe acolhedora desde a porta até a cozinha, que faz toda a diferença.


São três amigos com sonhos, coragem e muito amor pra dar.


A minha ida a Bahia já estava incrível, mas com esse jantar ela virou inesquecível.




Fotos: John Calderon (Instagram Jacarandá Bahia) + Arquivo pessoal

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